Um conceito recente, moderno e superestimado. Essa é a felicidade. Sempre dizemos
que queremos ser felizes, que a vida é a eterna busca pela felicidade, que amar
é sinônimo de sorrir. Bom, sinto dizer sociedade, mas eu discordo. Não sei o
que é felicidade e, por mais que você tente se explicar, sei que você sabe
tanto quanto eu sobre o que ela é e como a obtemos. O homem não tem uma fórmula
pra felicidade, principalmente porque isso não existe. Foi recentemente que a
ideologia da plenitude que a felicidade supostamente proporciona surgiu. Antes
vivíamos. Buscávamos momentos satisfatórios sem nenhuma pretensão maior,
somente pelo prazer que um instante bem aproveitado poderia fornecer. Hoje,
quando somos perguntados por que fazemos o que fazemos ou agimos como agimos,
estamos altamente inclinados a responder: porque estou à procura da felicidade.
Por
mais que Will Smith possa discordar de mim, ouso dizer que a felicidade e a
nossa busca incessante pela tal se resume em capricho. Nossa
busca pela plenitude se define em luxo. Dizemos que aquele que é feliz é porque tem
dinheiro. Pensamos que um vem lado a lado ao outro, porém nós simplesmente
capitalizamos o conceito puro do luxo e o tornamos ainda mais egocêntrico e
esnobe. Criamos mais um rótulo, um de tantos. Um que nos entrega ainda mais
para o dinheiro. Vendemos nossas almas em busca da tão estimada felicidade.
Sacrificamos tudo, passamos por cima de todos para obter o dinheiro, o que,
posteriormente, resultaria em plenitude e felicidade. Porém, quando obtemos
aquilo que julgamos ser o suficiente, ou nos deixamos cegar pelo dinheiro ou
simplesmente estamos sozinhos com todo aquele dinheiro e sem ninguém para
compartilhar a sua felicidade. Talvez você conheça essa frase, mas um rapaz
teve de morrer pra descobrir que “a felicidade só é real quando
compartilhada.”.
Somos
egoístas, todos nós. Alguns muito, outros nem tanto. Porém, ser egoísta nem
sempre é ruim. Só que é como minha mãe sempre costuma dizer “tudo que é demais,
estraga.”, e, por mais que doa admitir isso, mães estão, na grande maioria das
vezes, certas.
O que
eu quero dizer com tudo isso é que nós criamos o conceito da felicidade e
corremos atrás da realização da mesma de forma absurda e irrefreável quando
isso tudo não passa de um luxo e de uma invenção da nossa sociedade, dos povos
atuais.
“Cuidado
com todas as atividades que requerem roupas novas em vez de um novo usuário de
roupas. Se o homem não é um novo homem, como as roupas novas vão lhe servir?”
(Henry David Thoreau – Walden)
S.L.